quinta-feira, 7 de junho de 2007

Vilas Funcionais da ICOMI

Concepção do Projeto

Oswaldo Arthur Bratke (1907-97) foi um dos principais arquitetos da moderna arquitetura brasileira, da geração na qual despontam nomes como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, irmãos Roberto, e outros. No panorama paulista, é sem dúvida a figura de frente entre seus contemporâneos, ao lado de Rino Levi. Os trabalhos de Bratke foram publicados também na Europa, nos Estados Unidos, no Japão; em 1994, o norte-americano John Peter o incluiu entre os principais arquitetos do século 20, no livro The oral history of modern architecture (New York, Harry N. Abrams).

Sua obra é aclamada sobretudo por sua arquitetura residencial: as imagens da casa Oscar Americano, a casa da rua Suécia, ou a própria moradia do arquiteto no bairro que desenhou, o Morumbi, fazem parte do imaginário de algumas gerações de arquitetos que nele identificaram um grande mestre. No entanto, trata-se de um recorte discreto: mais do que autor de moradias clássicas da arquitetura moderna, Bratke foi um inventor que assumiu o papel dos criadores totais, daqueles que em sua trajetória profissional enfrentaram o desafio de desenhar da cadeira a cidades inteiras. Vila Amazonas e Vila Serra do Navio constituem referências positivas de assentamentos urbanos contextualizados na região amazônica, imaginados pelo urbanista. Hospitais, balneário, escolas, estações ferroviárias, fórum, edifícios industriais, prédios de escritórios e moradias concebidos pelo arquiteto marcam a paisagem de inúmeras cidades paulistas e de outras regiões do país. Cadeiras, mesas, luminárias, janelas, elementos do cotidiano de muita gente foram desenhados por Bratke e incorporados no repertório das criações assimiladas como de autoria anônima.

"Quanto a Vila junto ao porto, teria como destino sua abertura à comunidade. As casas seriam repassadas a terceiros, chefes, funcionários e demais pessoal, que iriam trabalhar em outras atividades produtoras a serem pesquisadas. Era desejo da ICOMI que se deveria envidar todos os esforços para que esses conjuntos urbanos principais mantidos por ela, atingissem as qualidades de uma cidade exemplar: uma spciedade de indivíduos, com o fim de proporcionar o bem-estar a todos, representado pela segurança pessoal, saúde, lazer, cultura, liberdade, facilidade de aquisição de alimentos e dos bens desejados etc

Não deveria ser, em hipótese alguma, um aglomerado humano transitório, a ser relegado ao abandono, uma vez exaurida aquela Mina. Os pontos de vista da ICOMI eram os mesmo que os meus. Foi-me confiado o planejamento, com bastante liberdade de ação. Não era, porém, simplesmente um contrato de projeto de vilas e casas, e sim, implicitamente, a responsabilidade pelo funcionamento daquilo que se propunha. Começamos por atentar para os planos, que deveriam ser, simples para se porem em prática, e bem estudadas formas de agrupamento, com o fim de resultar em economia de infra-estrutura e construção do equipamento. Não fazer o que pudesse gravar a manutenção com gastos excessivos, sob pena de deterioração. Uma comunidade como a desejada deve ser, em seus primeiros tempos, fechada a terceiros, seja para moradia, comércio ou prestação de serviços, até que se concretizem os hábitos de viver da sociedade. Nada se deve alienar, por venda, concessão ou a que título seja. Conhecíamos o homem que ia habitá-la e seus hábitos.

Sempre acreditei que uma implantação urbana deve ser feita à feição de seu morador e não uma imposição à qual ele tenha de se adaptar. Isso para que ele se sinta bem e coopere em seu aprimoramento. Mas, vilas de propriedade de organização privada, e que proporcionam todo o conforto e segurança, não incentivam o espírito de luta, necessário à conquista de bens desejados e sua futura independência. Antes, desencorajam esses indivíduos de possuírem suas próprias casas, tornando-se mais e mais dependentes, matendo-as restritas ao uso da população de empregados da empresa, habituados à disciplina hierárquica, esses logo se adaptam às obrigações e aos regulamentos, simplificando a administração e a manutenção. Bem dirigidas, tornam-se uma escola de vida gregária, de responsabilidade e respeito mútuo. A presença de uma Companhia dirigindo e administrando essas comunidades deve ser discreta, para não ser antipática.

A instituição de um Conselho Municipal, formado por moradores funcionários resolvendo problemas comunitários em conjunto com seus administradores, livra a Companhia de muitos aborrecimentos. Os ônus da manutenção e direção, porém, sempre caberão à Companhia proprietária do conjunto. Deve paulatinamente ir admitindo comércio e serviços de terceiros, estranhos aos serviços da Companhia, não tolhendo esse direito também a dependentes de seus empregados; enfim, deve permitir a todos aqueles que, obedientes a regulamentos o obrigações, queiram cooperar para o bem-estar comum

Com alternativas de trabalho que vão surgindo, a Companhia deve repassar, gradativamente, aos empregados ou a terceiros. habitações, comércio, serviços, na forma mais adequada, incentivando a procura de novos meios de renda e, conseqüentemente, o aparecimento de novos empregos, Espera-se que, com raízes implantadas, a comunidade paulatinamente se atualize, beneficiando-se das vantagens que o progresso proporciona. Alcançado este estágio, desenvolve-se a vida coletiva e se forma o caráter da cidade. O crescimento migratório de indivíduos de formação e idéias variadas pouco muda sua característica, dada a natural adaptação ao meio ambiente, se esse crescimento for pausado e ordenado. O crescimento vegetativo age como elemento moderador das possíveis distorções, de vez que seus componentes são herdeiros dos propósitos de sua formação.

Contratados os nossos serviços, visitamos casos congêneres aqui e no exterior, para sentir mais o problema, as vantagens ou inconvenientes de certos partidos, as queixas mais comuns, enfim, toda a orientação que fosse útil na implantação da administração. A seguir, procuramos conhecer as condições físicas da região, o homem que habitava, seus costumes, sua casa, os meios de comunicação, de transporte, de tudo, enfim, que fosse útil à consecução dos planos. Era necessário saber dos materiais disponíveis na região e até como se opera uma mina. As características locais, que passamos resumidamente a descrever, se comportam aos anos 50.

As jazidas situadas em região de relevo acentuado eram cobertas de florestas tropicais, de difícil penetração e somente parcialmente nas margens dos rios, que constituíam o único meio de comunicação existente, bastante precário, de vez que apresentavam inúmeros acidentes em seus cursos. As jazidas, então, estavam isoladas e muito distantes de quaisquer outros centros de apoio. Matas de grande variedade de espécies; mas, devido ao baixo teor de fosfato e carbonatos em seu solo, tornavam difícil a exploração de suas madeiras para construção. Terreno em geral laterítico, ácido, de pouca pedra e de areia muito fina. Chuvas abundantes com média anual total de 2.000 mm e máxima de 100 mm por hora. Nos meses de estio (setembro outubro e novembro) o mínimo é de 60 mm por mês. Temperatura média de 28º C, com máxima de 32º C. Umidade relativa na casa dos 90%. Ventos alíseos fracos. Enchentes tornavam arriscado o uso das margens dos rios para implantação urbana. As condições climáticas eram propícias à formação de mofo, de fungos e para redução da vida útil de muitos materiais. Enfim, um trabalho muito grande para o arquiteto contornar esses inconvenientes."

Depoimento do Arquiteto


Móveis e Decorações

Os futuros habitantes da vila não tinham capacidade financeira para, nos primeiros tempos, mobiliarem e equiparem suas casas. Dirigentes e funcionários de maior categoria não se arriscariam a trazer de seus lugares de origem mobília ou equipamentos enquanto não tivessem a certeza de adaptação de suas famílias naquelas paragens. Também o tempo de contrato de serviço era relativamente curto, para compensar despesas de transporte e avarias. Não restava, pois, outra solução qual a da ICOMI assumir também essa responsabilidade.

Dada a quantidade vultuosa necessária, de mobília e outros equipamentos, ficou resolvido projetar tudo que se relacionasse com o interior das casas, atendendo condições e facilidades locais, tendo em vista custo, reposições e o cuidado de não tornar o conjunto monótono.

O Território do Amapá não possuía fábrica de móveis, de equipamentos domésticos diversos, nem quem se dedicasse aos mais simples trabalhos de decoração das casas. Montou-se oficina completa, com seções de carpintaria, marcenaria serralheria, pintura e estofamento. Sua direção foi entregue para profissional habilitado, com experiência na região, contratando indivíduos locais como aprendizes, os quais se tornaram depois excelentes profissionais. Resultado interessante foi a criação, em Macapá, de uma atividade manufatureira nova, pequena mas ativa. Seus operários, treinados na ICOMI, tornaram-se bons artesãos e tiveram a possibilidade de começar seus próprios negócios. Lustres foram feitos no Sul, porém com desenho próprio. Os demais equipamentos, quando possível economicamente, foram feitos sob desenhos dos arquitetos, em diversas praças do país.

Materiais de Construção

Conhecendo o clima e condições da região, o comportamento e as aspirações de seus habitantes, pesquisamos os materiais, em sua natureza, exeqüibilidade de obtenção econômica, segurança no transporte, versatilidade no uso, simplicidade no manejo, para seleção do mais indicado e para equacionamento dos sistemas de construção. Dos materiais da região poderíamos contar com madeiras, e assim mesmo em condições relativamente difíceis, devido a falta de estoques locais e de estufas de secagem.

Não existia tradição de construção na região. As propriedades da maioria de suas madeiras eram desconhecidas; assim, foram escolhidas de acordo com conselhos e informações locais e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT). A andiroba e o louro, para estruturas protegidas contra a intempérie, sucupira e maçaranduba para obras expostas. Para pisos, a mais indicada e encontrada com relativa facilidade era a sucupira. Não havendo na região fabricação em escala industrial de folhas de portas em madeira compensada à prova d'água, ou de cupim, recorreu-se às indústrias do sul do país; o mesmo acontecendo com o escasseamento do cedro, que obrigou a comprá-lo nos Estados vizinhos. O cedro encontrado com mais facilidade no Amazonas, foi usado para obras internas.

As obras de concreto seriam limitadas à fração mínima, por falta de pedregulho, conglomerado ou pedra para ser britada nas imediações, em condições econômicas; e ainda pela areia muito fina, inadequada para concreto. Para substituir a pedra, só existia a laterite, com dureza e consistência inferiores àquela, e que somente serviria para obras de pouca responsabilidade.
Na impossibilidade de se conseguir, em prazo reduzido, a quantidade necessária de tijolos de argila, foi escolhido em seu lugar o bloco de concreto. Apesar do bloco de concreto, já inicialmente de custo mais elevado que o tijolo de argila, ainda com seu preço agravado dado o tipo inadequado de areia, e também ter taxa inferior de proteção ao calor luminoso, seria o único substituto em condições práticas para as obras. Ele apresentava ainda a vantagem de ser fabricado no local das obras, com máquinas de preços reduzidos, podendo também fabricar outros produtos, como elementos vazados, peitoris etc.

Vila Serra do Navio

Esta vila de moradores é a demonstração clara do ser humano em vencer desafios em detrimento de uma causa, no caso mais específico em questão, uma causa financeira. Foi assim que surgiu essa vila de moradores na década de 50 em plena floresta amazônica. Difícil imaginar os desafios enfrentados, mas fácil de entender os motivos que levaram a sua consecução.

Quem visita atualmente a Vila de Serra do Navio - sede do município com mesmo nome - vê um contexto arquitetônico e paisagístico completamente diferente daquele observado nas demais sedes dos municípios estaduais. Ruas pavimentadas, calçamento integral, arborização bem distribuída, espaços livres amplos, iluminação pública, rede de fornecimento de energia individual, rede de distribuição de água e coleta de desejos em todas as edificações, hidrantes, sistema de tratamento de esgoto geral e edificações destinadas a diversas finalidades: hospital; escola; clubes recreativos; supermercado; posto de serviço; agência bancária e igreja, dentre outros; são algumas características que diferenciam tal ambiente em face da realidade amazônica.

Obviamente não falamos de uma cidade com milhares de residências e dezenas de milhares de moradores, mas imaginar que tal infra-estrutura foi criada na época em que o foi, apesar de todas as dificuldades, sugere uma análise sobre a situação atual da região norte e um questionamento sobre o porque não se observam implantações urbanas com características semelhantes, apesar de todo dinheiro decorrente dos Royaltes da ICOMI e recursos financeiros destinados a região através da SUDAM.

Serra do Navio é a única cidade amazônica construída a partir de um projeto urbanístico. As soluções arquitetônicas que incorpora, desenvolvidas especificamente para edificações em floresta equatorial, chegam a proporcionar, no interior das edificações, redução de temperatura de até cinco graus. De concepção inovadora, são objeto de interesse de profissionais e estudantes de arquitetura, brasileiros e estrangeiros.

Gerida pela ICOMI durante muitos anos, houve um tempo em que ali as festas na selva eram de arromba, o analfabetismo era o menor do País, os índices de saúde estavam muito acima da média nacional e se assistia aos filmes que acabavam de estrear no Rio. Com o tempo e encerramento das atividades da empresa, a administração se deslocou para as mãos do IRDA, até que a criação do município ensejou a redistribuição do trabalho. Os serviços inerentes ao poder público estão sendo assumidos pelo Governo do Estado (saúde, educação e segurança) e pela Prefeitura Municipal (limpeza urbana). As atividades típicas de empresa privada foram confiadas a empreendedores particulares, enquadrando-se nessa categoria o supermercado, hotel, posto de serviço, restaurante e agência bancária.

O hospital atende à população de Serra do Navio e dos núcleos periféricos, inclusive os localizados em municípios vizinhos. A escola, que funciona em três turnos, passou a oferecer ensino de segundo grau. A cidade apresenta índices de bem-estar social que excedem os padrões preconizados pela Organização Mundial de Saúde e UNICEF. Administrado atualmente pelo Governo do Estado do Amapá vinculado ao SUS, atende como uma Unidade Mista de Saúde. Possui plena capacidade para atendimento dos moradores da Vila, Comunidades circunvizinhas e até outros municípios próximos. Com as instalações dignas de atendimentos complexos para a época de sua implantação, o hospital realizava cirurgias em várias especialidades e cumpria seu papel de acompanhamento médico continuado, o que fazia com que fosse considerado em exemplo de atendimento em plena floresta. As fotos abaixo demonstram a dedicação dos profissionais em plena década de 50 no interior do Amapá.

Outras observações importantes que devem ser mencionadas são os equipamentos que ali estavam disponíveis, alguns funcionando até os dias atuais. Isso era indispensável frente ao isolamento do local onde se encontra a Vila, que continua sendo de difícil até hoje, e dada a necessidade de realização de exames de emergência para cirurgias ou cuidados clínicos.

Nenhuma edificação é separada por qualquer tipo de muro ou grade divisória. Segue o padrão americano preconizado em filmes de casas instaladas sem nenhum tipo de distinção de terreno ou limitação de acesso à edificação. Obviamente isso pode ser justificado por vários aspectos. O primeiro obviamente é o aspecto legal, pois o único proprietário de todos os imóveis era a própria companhia. Outro aspecto é o urbanístico, baseado nos preceitos da arquitetura moderna que libera o solo para circulação aleatória dos cidadãos, independentemente do direito de propriedade sobre os mesmos, a famosa abertura do horizonte para os olhos e manutenção do direito de ir e vir sem limitações urbanas.

As residências foram projetadas para atender a dois ambientes familiares distintos (casados com suas famílias e solteiros/casados sem a presença da família) e 3 níveis funcionais (graduados superiores, graduados técnicos e operários, respectivamente denominados como staff, intermediário e primário). Frente às necessidades iniciais de economia energética, em conseqüência da produção própria limitada de energia, alguns cuidados foram tomados para que a Vila não concorresse com a mineração no consumo energético. Enquanto as residências Modelo Graduados possuíam fogão e geladeira elétricos, aquecimento nas torneiras da cozinha e banheiro, os demais modelos possuíam fogão a lenha e uma caixa isopor para acondicionamento e preservação dos alimentos. A distribuição domiciliar gratuita de lenha, extraída na região, e barras de gelo, produzidas numa central única, garantia o funcionamento das casas. A seguir podem ser observados os croquis das plantas originais elaboradas pelo Arquiteto.

Mas existe uma separação funcional nas casas construídas, para atender diferentes hierarquias funcionais. As casas são classificadas - ordenadas arquitetonicamente - por direcionamento de quem a ocuparia.

Existem as casas do staff. Serviam para atender ao alto escalão da companhia e por conseqüência possuíam algumas características especiais. Do aspecto urbano, tais casas foram distribuídas individualmente de maneira que fossem valorizados os amplos espaços externos que na prática as separavam. É fácil imaginar a integração entre seus moradores, através da circulação pelos grandes gramados que as envolviam, ao invés do aproveitamento da calçada que circunda as quadras onde elas se encontram.

Outras são as casas operárias. A principal característica construtiva verificada externamente é que se tratam de casas geminadas, duas a duas, objetivando uma relatividade economia no processo construtivo e posterior manutenção, contribuindo para um equilíbrio razoável entre o espaço verde e o espaço construtivo. Existem três tipos de casas operárias, divergindo em quantidade e tamanho de alguns cômodos, objetivando atender famílias com menor ou maior número de integrantes. As variações de planta foram reduzidas ao mínimo, mantendo-se em todas a preocupação com ventilação, higiene e boas condições de habitabilidade. Não há muretas, nem gradis na frente das casas, mas a área de serviço no fundo é limitada por um cerca. Os beirais são amplos, protegendo o interior da residência contra o excesso de insolação.

Além dessas duas, existe um grupo denominado de alojamento de solteiros. Semelhante a um conjunto ou hotel, com dependências individuais restritas.

A Vila também possui um Hotel. E que hotel... Frontalmente ao estacionamento, existem três blocos distintos: central para administração e convívio dos hóspedes e os laterais para os quartos. Na edificação central se localiza o acesso principal ao Hotel. Dali chega-se a recepção, com uma sala de estar posicionada a esquerda e logo a direita um salão de jogos. Mais ao fundo, subdividindo o salão de festas, a esquerda, e o restaurante, a direita, encontra-se um jardim de inverno que dá acesso a boate subterrânea. Na área externa localizada ao fundo encontra-se um amplo espaço e beira das piscinas e da recreação infantil.

Igreja? Também tem! Em virtude das características ambientais da região, com forte incidência de raios solares e por conseqüência, temperatura elevada em todo ano, a Igreja foi construída inteiramente em madeira – vigas, pilares e forro. Valoriza a utilização de elementos vazados em sua fachada e ausência de paredes nas laterais, no intuito de proporcionar conforto térmico aos fiéis, através da constante circulação de ar, protegida no entanto, pela inclinação telhado e prolongamento de seu beiral quase a meia altura do solo, o que inviabiliza a entrada de chuva no ambiente interno.

A Vila também conta com edificações de recreação e lazer, com ginásio de esportes, clube de campo, com um pequeno estádio de futebol e um "complexo" de piscinas. Existe também um amplo centro cívico, local onde se localiza o mercado livre, lojas comerciais, supermercado, uma sede social e atualmente a Prefeitura e Camara de Vereadores.

Vila Amazonas

A implantação de um empreendimento de exploração minero-industrial junto a algum núcleo urbano existente pode facilitar sobremaneira a instalação de sua infra-estrutura social. Ajudar a desenvolver um núcleo urbano existente é sempre mais simples que implantá-lo por completo, mesmo que as condições daquele, inicial, sejam precárias.

A influência que a implantação de uma infra-estrutura social de apoio a qualquer empreendimento exerce nas regiões próximas é praticamente incontrolável. Os serviços por ela prestados são geralmente superiores aos até então existentes na área. Em muitos casos, são os únicos. O hospital de uma vila implantada em alguma região da Amazônia, por exemplo, não pode, por razões humanitárias, deixar de assistir à população pobre, ribeirinha, que a ele recorre. Este aspecto tem também que ser considerado no seu dimensionamento.
Foi assim que surgiu a Vila Amazonas, no Município de Santana. Tal qual sua irmã em Serra do Navio, servia para atender aos funcionários da ICOMI, porém, neste caso com maior influência da área administrativa. Com urbanização e edificações semelhantes àquela implantada nas proximidades das jazidas de minério, a maior diferença estava vinculada ao tamanho da Vila Amazonas, pelo fato de possuir maior número de residências.

Com a paralisação do processo de mineração e significativa diminuição do trabalho administrativo, a partir da cessão do processo de comercialização do minério, tornou-se desnecessária a manutenção da Vila e por conseqüência, todas as residências foram vendidas para ex-funcionários e outros interessados.

Atualmente, frente ao direito de propriedade diferenciado, a grande maioria das residências está descaracterizada do projeto inicial, principalmente naquilo que se refere a fachada e inexistência de muros de separação. Porém, os prédios "públicos", como escola, hospital, dentre outros, possui somente a característica do semi-abandono de manutenção.

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