quinta-feira, 7 de junho de 2007

Uma viagem pela Ferrovia

Trata-se de uma viagem fantástica. Durante o trajeto que vai de Santana a Serra do Navio, são atravessados cinco cursos de água por meio de pontes, num total de 15 estações de embarque e desembarque de passageiros e pequenas cargas. Ainda hoje, durante as paradas nas estações, são feitas as colheitas das produções agrícolas das regiões, quase que num sistema de trocas de mercadorias entre as comunidades.

O trem sai cedo de Santana em direção a Serra do Navio. Por volta das 7h00 a locomotiva começa a sair da estação e desempenhar sua velocidade aproximada de uns 30 Km/h. Vai seguindo em meio a uma vegetação rala muito semelhante ao cerrado mineiro, uma terra quase totalmente plana que permite vislumbrar o horizonte em todas as direções. A linha apresenta grandes extensões de retas com poucas curvas. O próprio relevo contribui para a simplicidade do traçado, apesar de algumas rampas exigirem muito da locomotiva. Mas como nesse sentido, os vagões de carga sempre viajaram vazios, para abastecerem de Manganês só na parada final, a locomotiva consegue realizar seu trabalho sem maiores problemas. Passado o Km 11 e o desvio do Pereira, onde há uma fábrica de óleo de dendê, percebe-se que nesse ponto a região é destinada ao plantio de pinho, eucalipto e da palmeira de onde se extrai o óleo de dendê. As duas primeiras plantações destinam-se à produção de celulose e atingem grandes extensões. Extrações de areia são avistadas ao longo da linha, pois o mar já cobriu estas terras há alguns milhões de anos atrás e os depósitos de areia são imensos. A areia é finíssima e de um branco que impressiona o viajante.

Ao chegar a Porto Platon, geralmente é feita uma parada de uns dez minutos para os passageiros lancharem e a equipe apanhar nova licença para o trem. Há ali dois desvios, sendo um deles sem saída e o outro se encontra cortado nas duas extremidades, onde a composição dos vagões AVP (alojamento da via permanente) se encontra estacionada. Tais vagões são diferentes dos habitualmente vistos em ferrovias. Ao que parece, foram montados sobre vagões plataformas, possuindo o estrado semelhante ao dos carros de passageiros, formado por uma longarina central unindo os dois truques. Estes apresentam a inscrição "Symington" e são antigos do tipo mancal. Não há indicação do fabricante do vagão, nem data da construção. O formato do alojamento é ovalizado, que constitui uma característica interessante, pois a maioria dos vagões fechados são do tipo box. Eles possuem o revestimento extenso em forma de ripas espaçadas cerca de 4 centímetros uma das outras. Um revestimento interno impede a visão do interior. A estação é semelhante à de Santana e muitos moradores montam pequenos tabuleiros ao longo da linha a fim de venderem alimentos aos passageiros.

Deixando a estação para trás, a paisagem começa a mudar. O cerrado vai dando lugar à mata fechada e ,com isso, começam aparecer lugares mais propícios à lavoura, o que justifica que as paradas sejam realizadas com maior freqüência, se comparadas as três paradas identificadas nos primeiros 108 Km. Passa-se o Km 117 e Dona Maria, esta última, apenas um alpendre do lado direito, junto às margens do rio que acompanha a ferrovia. Chaga-se então no desvio Floresta, situado no lado direito. A estação é apenas um alpendre com cobertura de zinco em meio a um matagal que impressiona, logo ao lado do Amapí. O trem chega a Cupixi, local onde há uma extração de cromita. Um desvio em curva e rampa descendente à esquerda serve para o carregamento a partir de caminhões. A rampa descendente, em sentido contrário à linha principal, ajuda a fazer o carregamento sem necessidade da locomotiva para movimentar os vagões. A equipe faz a composição descer ajustando o freio manual dos vagões. Logo após a estação cruza-se a primeira ponte sobre o majestoso rio Amapari. Trata-se de uma ponte simples com pilares de concreto. Na lateral direita existe um caminho para pedestres.

O trem segue em meio à mata que vai gradativamente se tornando mais fechada. Algumas casas de caboclos são avistadas ao logo da linha. Muitas não possuem sequer paredes, resumindo-se a um alpendre com telhado de palha, sob o qual se armam redes de dormir.

Passado o Km 156 o trem faz uma curta parada, chegando em poucos minutos a Munguba, outro alpendre em meio à mata. Umas casas de caboclos são avistadas nas proximidades. Pouco depois vem a estação de Cachorrinho e o Km 173. Outras duas paradas obrigatórias, antes da estação de Pedra Branca, no município de Pedra Branca do Amapari, situado às margens do respectivo rio. A estação, apesar de ser constituída de apenas um pequeno telheiro, é uma das mais bem cuidadas da ferrovia. Suas plataformas, como a maioria das existentes na ferrovia, são baixas como antigamente usado na era do vapor. É mais um piso sob o telhado do que uma plataforma propriamente dita. Esta estação é a única que ampliou tal piso cerca de 50 metros para cada lado do telheiro ao longo da linha. Mas, o fato é que Pedra Branca apresenta o melhor aspecto entre as paradas e estações até ali.

Pouco depois dessa estação o trem atravessa a ponte sobre o Amapari, a maior dentre as cinco pontes existentes na ferrovia. Pilares de concreto, assentados no leito rochoso do rio, dão sustentação as vigas de ferro e trilhos durante seus 219m de extensão. Inimaginável pensar a construção naquela época, daquela ponte, naquele local. Coisa possível de verificar somente em filme como a "A Ponte do Rio Quai". Mas como toda obra férrea, sua construção naquele exato local não é uma mera coincidência, pois para sustentar as milhares de toneladas no transporte do manganês, era preciso um solo fluvial rígido como uma rocha.

A linha após cruzar o Amapari parece sumir em meio à mata. Avista-se apenas as duas paralelas de aço em meio ao verde que cobre as margens e o leito. O rio está do lado esquerdo agora e se afasta gradativamente da linha, a medida em que começa a se aproximar da serra. No Km 184 avista-se uma escola no meio da mata. Pouco depois se passa por uma ponte pequena e daí identifica-se o pé da Serra.

A locomotiva inicia a subida e poucos minutos depois chega à estação final de Serra do Navio, que também é idêntica à de Santana e de Porto Platon. Há três linhas no pátio, que fazem parte da pêra de carregamento. A linha termina cerca de 200 metros após a estação. Um piso de madeira permite o acesso à estação, passando pelas linhas, afim de que os passageiros não sujem os pés no barro, pois chove constantemente no local.

Um comentário:

taftiequijada disse...

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